Análise de Modos de Falha e dos seus Efeitos
A Análise de Modos de Falha e dos seus Efeitos (FMEA - Failure Modes and Effects Analysis) é uma metodologia sistemática utilizada para identificar e avaliar potenciais modos de falha em um sistema, produto ou processo, além de analisar os efeitos dessas falhas.
O objetivo do FMEA é melhorar a confiabilidade e a segurança, prevenindo problemas antes que eles ocorram.
Tendo sido desenvolvida inicialmente nos anos 1940 pela indústria aeronáutica norte-americana e posteriormente adoptada pela NASA para programas espaciais, foi desde então, uma metodologia foi amplamente adoptada por diversas indústrias, incluindo automotiva, manufactura, electrónica e, mais recentemente, em software e TI.
Objetivo e Importância
O principal objetivo do FMEA é:
- Identificação Pro-activa: Identificar potenciais modos de falha e as suas causas antes que ocorram. 
- Avaliação de Riscos: Avaliar a severidade, ocorrência e detectabilidade dessas falhas. 
- Priorização de Acções: Priorizar acções corretivas para reduzir ou eliminar o risco associado aos modos de falha. 
A importância do FMEA inclui:
- Prevenção de Problemas: Reduzir a ocorrência de falhas e melhorar a segurança e a confiabilidade. 
- Redução de Custos: Evitar custos associados a falhas, como recalls, correcções e danos de reputação. 
- Melhoria Contínua: Promover uma cultura de melhoria contínua e gestão de riscos. 
Tipos de FMEA
- FMEA de Design (DFMEA): Focado na análise dos modos de falha de um produto ou sistema durante a fase de design. 
- FMEA de Processo (PFMEA): Focado na análise dos modos de falha de processos de fabricação ou montagem. 
- FMEA de Sistema: Considera os modos de falha de sistemas complexos e suas interações. 
Processo de FMEA
- Definir o Escopo: Identificar o sistema, produto ou processo a ser analisado. 
- Formar uma Equipa: Reunir uma equipa multidisciplinar com conhecimento do sistema ou processo. 
- Identificar os Modos de Falha: Listar todas as possíveis falhas que podem ocorrer em cada componente ou etapa do processo. 
- Analisar os Efeitos das Falhas: Determinar os potenciais efeitos de cada modo de falha. 
- Avaliar a Severidade (S): Classificar a gravidade dos efeitos de cada falha numa escala (geralmente de 1 a 10). 
- Determinar as Causas das Falhas: Identificar a raiz das causas de cada modo de falha. 
- Avaliar a Ocorrência (O): Classificar a probabilidade de ocorrência de cada causa de falha (geralmente de 1 a 10). 
- Analisar os Controlos de Detecção: Identificar os controlos existentes para detectar as falhas, antes que ocorram. 
- Avaliar a Detectabilidade (D): Classificar a capacidade dos controlos detectarem a falha (geralmente de 1 a 10). 
- Calcular o Número de Prioridade de Risco (RPN): Utilizar o RPN para priorizar as ações corretivas. - RPN = Severidade x Ocorrência x Detectabilidade. 
 
- Desenvolver e Implementar Acções: Propor e implementar ações para reduzir a severidade, ocorrência ou melhorar a detectabilidade das falhas. 
- Reavaliar o Risco: Reavaliar o RPN após a implementação das ações corretivas, para verificar a eficácia. 
Exemplo Prático (detalhado)
Vamos considerar um exemplo de FMEA aplicado a um processo de login de uma aplicação web.
- Definir o Escopo: Analisar o processo de login do utilizador na aplicação web. 
- Formar a Equipa: programadores, testadores/QAs, analistas de negócios. 
- Identificar os Modos de Falha: - Falha ao validar as credenciais de acesso do utilizadores. 
- Sistema inativo durante o login. 
 
- Analisar os Efeitos das Falhas: - Utilizadores não conseguem aceder à aplicação (Falha ao validar credenciais). 
- Interrupção do serviço e impacto negativo na experiência do utilizador (Sistema inativo). - Avaliar a Severidade (S): - Falha ao validar as credenciais: 8 (Severidade: alta). 
- Sistema inativo: 9 (Severidade: muito alta). 
 
 
 
- Determinar as Causas das Falhas: - Erro no código de validação das credenciais. 
- Falha do servidor ou manutenção não programada. - Avaliar a Ocorrência (O): - Erro no código de validação: 4 (Ocorrência: moderada). 
- Falha do servidor: 3 (Ocorrência: baixa). 
 
 
 
- Analisar os Controlos de Detecção: - Testes unitários e de integração para validação das credenciais. 
- Monitorização do servidor e dos alertas de falha. - Avaliar a Detectabilidade (D): - Validação de credenciais: 3 (Detectabilidade: alta). 
- Falha do servidor: 2 (Detectabilidade: muito alta). 
 
 
 
- Calcular o RPN (S * O * D): - Validação das credenciais: 8 x 4 x 3 = 96. 
- Sistema inativo: 9 x 3 x 2 = 54. 
 
- Desenvolver e Implementar Ações: - Rever e melhorar o código de validação das credenciais. 
- Implementar redundância no servidor e planear procedimentos de manutenção. 
 
- Reavaliar o Risco: Após a implementação das ações, recalcular o RPN para verificar a redução do risco. 
Exemplo Prático (resumido)
- Indústria Automotiva: - Modo de Falha: Defeito no sistema de travões. 
- Efeito: Perda de controlo do veículo. 
- Severidade: 10. 
- Ocorrência: 4. 
- Detecção: 3. 
- RPN: 120 (10 * 4 * 3). 
- Ação: Redesenhar o sistema de travões e implementar testes adicionais. 
 
- Desenvolvimento de Software: - Modo de Falha: Falha ao carregar uma página web. 
- Efeito: Experiência do utilizador prejudicada. 
- Severidade: 7. 
- Ocorrência: 6. 
- Detecção: 5. 
- RPN: 210 (7 * 6 * 5). 
- Ação: Melhorar o código de carregamento e adicionar monitorização de desempenho. 
 
A Análise de Modos de Falha e Efeitos (FMEA) é uma ferramenta importante para identificar, avaliar e mitigar riscos em sistemas, produtos e processos.
Ao adoptar uma abordagem sistemática para a identificação de modos de falha e análise de seus efeitos, as organizações podem melhorar significativamente a confiabilidade e a segurança de seus produtos e serviços.
A implementação do FMEA contribui para a redução de custos associados a falhas e para a promoção de uma cultura de melhoria contínua e gestão de riscos.

